quinta-feira, 22 de agosto de 2013

# relato 8: Quando vem a calmaria

Pra começar gostaria de esclarecer uma coisa: A essa altura da minha história de vida todos devem estar me imaginando um galã, um agente secreto.

Não, eu não sou isso. Não vivo na noite em festas, mas vivo em missões.

Não tenho belas mulheres como companhia e sim cientistas de jaleco.
Não tenho homens maus e ambiciosos como vilões, na verdade eles são anjinhos perto do que eu enfrento.
Não tenho corpo definido, abdome sarado, cabelo perfeito e um sorriso simpático. Todos esses conceitos são pra trazer conforto a imagem de um agente.
Eu tenho meus problemas, não tenho jeito pra andar, fico nervoso com as missões e se alguém olhar em meus olhos tem pesadelos. E ainda assim sou o mocinho dessa história.

A vida é irônica...


Desculpem cansar vocês com esse desabafo. Só toquei no assunto porque num momento mais tranquilo, assistia televisão a um filme de agentes, mas o mesmo foi interrompido por notícias. Parece que um segundo manicômio foi invadido. Não me importava...


Como mencionei, os nossos treinamentos estavam começando de verdade.

Sessões de musculação não eram parte disso. O objetivo era testar e aumentar nosso limite físico de cansaço, stress e dor.

Minha desconfiança quanto ao Slender Man e a SCP só aumentavam a cada dia, mas sem provas não tinha como dizer nada.

Nossas provas eram: desviar de facas lançadas enquanto recitávamos textos de regras internas, escaladas em cordas enquanto pessoas puxavam outras cordas presas a nosso corpo, fazer testes e ouvir que nosso desempenho era mínimo, sessões de luta com os braços amarrados...

Tudo que nos fizesse fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo e rápido planejamento para próximas ações.

Claro que o aumento no stress fez com que a interferência aumentasse e com ela uma chata dor de cabeça.

O pior momento, acredite, foi a esteira. Todos me olhavam com olhares de expectativa imensos. Era só uma esteira...


Comecei na velocidade baixa, apenas caminhando. Alguns minutos depois aumentaram a velocidade e então por último estava correndo. Não sei o que eles tinham na cabeça mas continuaram aumentando a velocidade momento após momento. A situação de stress estava aumentando e se eu perdesse meio segundo de atenção, cairia na hora.


Pedi para que parassem e eles aumentaram ainda mais. Tudo que minha cabeça permite lembrar é que estava em tal velocidade que meu nariz começou a sangrar, lembro-me de fechar os olhos e ver aquele símbolo do círculo com um grande "X". Em uma questão de milésimos pude sentir meu corpo sendo impulsionado adiante, mas sem controle algum, derrubei a esteira e caí longe.


As duas últimas lembranças que lembro desse momento são vozes dizendo algo como "Conseguimos!" e alguns momentos depois com a visão muito turva e semi-desmaiado, uma sequencia numa ficha.


Era algo como SCP-X-2.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

# relato 7: Nova casa, história antiga

Após nos recuperarmos do incidente com o Jeff, era a hora de voltar. Avisei ao Guurg para pegar poucas roupas em casa, pois na SCP teríamos fardas. Acho que ele estava muito empolgado, pois me deixou no meio da escada e subiu correndo. De qualquer forma aproveitei para ver o ferimento que eu tinha. Ele estava incomodando, mas nada que não pudesse aguentar.
Resolvi subir e enquanto passava por um dos andares pude ouvir vindo de um apartamento o noticiário da TV falando sobre uma invasão a um manicômio. Não dei atenção e logo subi até achar a porta aberta e Guurg arrumando sua mochila, entulhando alguns papeis dentro dela. O apressei. Precisávamos ficar “fora do radar” logo.
Estávamos chegando a cabana isolada no meio da floresta, confesso que ainda não havia me acostumado com o lugar e tinha arrepios, mas para descontrair resolvi criar uma sequência de batidas para abrirem a porta e ele ficou espantado quando a portinha de carvalho se abriu revelando a grande porta de aço. O que ele não sabia é que desde o começo da floresta já estávamos sendo monitorados e que ninguém ia aquele lugar que não fosse da Fundação. Foi divertido. Uma das poucas vezes que pude esboçar um sorriso.
Lá dentro fomos recepcionados por um agente com patente de capitão. Ele logo se apressou em chamar Guurg para uma conversa reservada a portas fechadas.
Enquanto isso fui passar o relatório da missão. O supervisor logo me parabenizou pelo sucesso, mas Anna passou por trás de mim e sussurrou em meu ouvido: “Bela dupla contra o Jeff...”, do jeito que ela era, eu sabia que ela tinha arrumado uma forma de nos localizar enquanto tudo acontecia.
Logo o supervisor começou: “ Bom, Orion, você pode perceber que o Jeff não é um assassino qualquer. O estrago emocional que ele deve ter causado ao ... Guurg, certo? Bom o estrago deve fazê-lo ficar aqui um tempo antes de entrar em ação. Mas você tem novos objetivos. Precisamos que você apreenda alguns objetos para estudos e fora eles que faça uma monitoria de alguns SCPs para observar comportamento. Isso pode ajudá-lo nas missões futuras.”
Logo disse que Guurg era mais forte que eles pensavam, e perguntei por que indiretamente ele estava me fazendo ficar interno, quando a missão era claramente externa?
A resposta que obtive foi que eram ordens superiores. Besteira...
Resolvi no ímpeto perguntá-lo sobre o Slender Man, quando eu iria atrás dele?
Vi sua feição mudar, ele ficou com a cara espantada e logo devolveu: “Não temos interesse nenhum, nem conhecimento sobre ele. Foque em sua missão.”.
Troquei rapidamente um olhar com Anna e ela logo percebeu que eu precisava de informações e seu olhar de volta já me respondia afirmativamente!
Calei-me e me levantei para começar a monitoria.
Fui liberado numa seção secreta onde estavam algumas “celas” contendo SCPs.
Alguns eram meros objetos, outros tinham vida. Pude ouvir em uma cela especial uma voz áspera chamando. Era a cela do SCP-49. Me aproximei suficiente para ouvir a voz falando:
“Meu jovem, você não tem a praga. No entanto vejo algo diferente em você.”
No momento não dei muita atenção e logo me virei. Foi quando ele falou:
“Você quer achá-lo não? Aquele que fez isso em você!”
Voltei com tudo e estava disposto até mesmo a abrir a porta e encarar quem estava falando. Foi quando uma mão me puxou. Era Anna. Ela me disse pra não me arriscar por isso agora, para esperar os resultados de sua pesquisa.
Me acalmei e decidi voltar.
Ao entrar no salão, pude ver Guurg lá. Ele estava pensativo, mas ao me aproximar ele demonstrou normalidade.
O supervisor se aproximou de nós e disse: “Bom, agora que já temos 2, vamos começar os treinos de verdade. Estão prontos para serem agentes?”.

Se o que eu tinha passado até agora não era ser agente, começo a me preocupar comigo e com Guurg.

Mal sabia o que me esperava no mais simples dos exercícios: a esteira.