sexta-feira, 14 de março de 2014

# HOME 17: Da água para o vinho

Voltei a minha casa. Na verdade poucos instantes antes da policia vir me buscar para o primeiro interrogatório de verdade. Me mantive calmo, precisava conseguir a parte mais importante: voltar as atenções ao Jeff.
Fui colocado numa pequena sala e lá passei cerca de 30 minutos até aquela linda encenação de policial bom e policial mal começar. Eles estavam fazendo o que podiam, mas eu não tinha muito pra falar. Quando viram que não iam conseguir arrancar a confissão tão desejada de que eu tinha feito tudo aquilo, tentaram o mais sensato: “Você sabem quem poderia ter feito isso?”.
Finalmente comecei a falar: “A pessoa de quem vocês estão atrás se chama Jeff, o assassino. Ele está bem famoso e tem feito vítimas constantemente. Tentou me atacar uma vez, mas não conseguiu seu objetivo e creio que teve sua vingança em minha família.”, antes que tivessem a chance de pensar, joguei minha isca ”creio que o recado que ele deixou na parede está bem claro. Ele vai voltar pra terminar o serviço dele em mim.”.
Eles se entreolharam e decidiram ingenuamente morder minha isca. Decidiram me usar como isca para atrair o Jeff. Deixei eles estudarem alguns padrões dos lugares onde achariam o Jeff e voltei para casa. A perseguição começaria de madrugada e meu corpo já estava desacostumado. De repente a campainha toca. Corro pois poderia ser um dos caçadores. Abri a porta, eram Jesse e Dave, me chamando para sair e esquecer os problemas. Falei para irem embora pois a situação estava perigosa ao meu redor, mas eles não tinham noção do perigo que corriam e me arrastaram para fora de casa. Isso me fez lembrar que a memória deles não estava normal. Eles não se recordavam do incidente do Slender na floresta durante a aula de campo.
Caminhamos e terminamos chegando numa estação de trem desativada da cidade. Lá sentamos e eles vieram falar coisas boas sobre eu melhorar. Para ser sincero não prestei atenção em nada. Meus ouvidos estavam atentos a ruídos externos. Subitamente abracei Jesse e rapidamente sussurrei em seu ouvido: “Jesse, quando eu me levantar corra o mais rápido que puder para a cidade e leve o Dave com você, não faça perguntas, apenas corra e ligue para a polícia.”. Me afastei dela e falei para Dave que ele deveria ir dar um abraço melhor que o meu em Jesse, ingenuamente ele foi se levantando e se dirigindo a ela. Nesse momento levantei e gritei: “Seu alvo sou eu, então não vá desperdiçar meu tempo. De relance já via Jesse e Dave correndo, mas ele estava mais rápido, ou eu mais lento. Rapidamente fui chutado plataforma abaixo e o vi correr atrás de meus amigos.
Levantei meio desnorteado com o susto, mas logo comecei a correr atrás deles. Tudo ia bem até que Dave tropeçou e caiu no chão facilitando tudo para o Jeff. Vi a expressão de pavor de Dave ao se deparar com aquela face maligna. Pude ver Jeff levantando sua mão a altura da boca para proferir suas famosas palavras.
Nesse momento algo aconteceu e tudo ficou numa velocidade extremamente lenta, quase como parados. Via a face de dor de Dave, o desespero e as lagrimas de Jesse em saber que seria a próxima e o pior de tudo, me via incapaz de poder fazer algo. Senti aquela sensação de impotência se tornar um queimar em meu peito e se espalhar para todo meu corpo. A sensação era estranha, podia ver a velocidade das coisas voltando ao normal, mas meu corpo estava cada vez mais perto de Jeff antes que ele terminasse seu movimento. Sem controle daquele movimento consegui esbarrar nele atirando-o alguns poucos metros. Sem entender o que havia acontecido Jesse tomou a mão de Dave e o levou para longe.
Olhei para Jeff se levantando com seu sorriso de sempre e o provoquei: “E aí, vamo ver quem dorme primeiro?”.
Iniciou-se nossa luta.
Golpes eram desferidos com velocidade e meu corpo não tinha tempo para contra-atacar, apenas desviar. Jeff atacava com seu máximo potencial e eu estava apenas correndo dele. Em certo momento devido ao barulho das viaturas, Jeff perdeu sua atenção. Tempo suficiente para eu virar o jogo. Consegui desarmar ele rapidamente e nossa briga se igualou.
Chutes e socos eram impulsionados de forma rápida e constante de um para o outro e mesmo nos acertando não parávamos. Esqueci que meu corpo ainda era humano e continuei com aquela luta intensa. Aos poucos fui falhando novamente, estava cansado e Jeff se mantinha no mesmo ritmo. Dores começaram a aparecer em meu corpo e me sentia pesado. Sem perceber Jeff tinha nos conduzido para perto de onde sua faca estava. Ele rapidamente me afastou e a pegou de volta. Ainda acertei um soco em sua face, mas já não tinha tanta força, então recebi a primeira facada que com minha defesa atingiu meu braço. Para tirar a faca, Jeff usou meu corpo de impulso e me chutou ao chão.
Aquele chiado começou em meu ouvido. Quando Jeff se preparou para acabar comigo, olhou em minha direção e sua feição mudou. Ele parecia assustado. Novamente ele fugiu. Olhei para trás para ver a figura do Slender Man próxima a mim. Desmaiei.

Acordo em um quarto com algumas pessoas mascaradas me olhando.

“Bem-vindo a casa irmão!”.

segunda-feira, 3 de março de 2014

# HOME 16: Início do Fim

Toda a equipe estava reunida, todos estávamos prontos para fazer o que fosse necessário para acabar com a ameaça iminente, mesmo sem saber até que ponto tudo aquilo chegaria.
Planejamos, eu me fingiria de suspeito e faria a policia me levar até um possível lugar onde o Jeff estivesse, lá eu faria o resto. Ou melhor, Guurg o faria. Nessa altura já havia uma discussão entre nós 2. Ele pode ter sido ferido pelo Jeff, mas no meu caso foi a morte de toda a minha família. Ele parecia não tentar entender o que eu falava e em certos momentos parecia até obcecado.
Precisava fazer algo para resolver aquilo. Disse a Guurg que ele poderia ajudar, mas que a decisão final era minha. Em poucos minutos todo o clima amistoso se transformara em rivalidade. Ele rapidamente saiu do novo esconderijo e desapareceu. Os outros me olhavam questionadores sobre meu próximo passo. Não tinha muito tempo a perder.
Perguntei a Dark o porque da mudança repentina de base. Logo fui avisado que eles também foram expulsos da Fundação e que algo estranho estava acontecendo. Pelo visto o Caçadores do Medo era um grupo independente agora. Pedi a Dark para que levantasse o máximo de material sobre o Jeff, quando uma das telas emitiu um alerta, era uma reportagem de televisão:
“Estranhos eventos estão acontecendo mundialmente, incêndios sem explicação, tornados, trovões sem nuvens e outros fenomenos naturais estão perturbando a vida de milhões de pessoas e colocando várias vidas em risco...”
Rapidamente outra tela entrou em alerta, outro jornal:
“Em menos de um ano já foram mais de 10 os hospícios que foram invadidos, e as equipes se negam a falar sobre os ocorridos...”
Dark bateu com as mãos sobre a mesa: “Como ninguém percebeu? Tão na cara e ninguém se tocou da gravidade.” Tentando entender, perguntei do que se tratava.
“Os Holders, Master, uma até então lenda, objetos espalhados em vários hospícios, que quando unidos invocam um mal indescritível. Alguém está tentando reunir os objetos.”.
Agora sim, tínhamos um problema bem maior para resolver. O primeiro passo era me resolver com o Jeff. Depois resgatar os objetos. Tudo deve correr bem, eu acho.

Esse era meu pensamento, mesmo que no fundo eu soubesse que aquele era o ponto inicial do fim de tudo.