sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

O Paradoxo do Caçador parte 2

Estavamos em frente ao açougue. Hora de seguir adiante e descobrir quem era o tal do Eyeless Jack.
O lugar tinha uma aparência horrível, além do cheiro, e de meia noite tudo tem um ar mais assustador, mas pra quem está trabalhando ao lado de um zumbi, acho que não seria tão difícil.
Resolvemos entrar por uma porta lateral, que estava encostada. O lugar estava totalmente escuro, mas acender qualquer luz nos faria ser percebidos. Falei para Dood ficar quieto enquanto eu vasculhava o lugar. Num açougue onde um maníaco se escondia não seria difícil achar órgãos e realmente não foi.
Confesso que me empolguei quando achei o bendito saco de rins num freezer e disse em voz alta: “Ei presunto, achei teu órgão mágico!”. Não levou mais que 5 segundos para as luzes se acenderem revelando algumas manchas de sangue velho pelo chão e uma figura encapuzada no fim do salão.
Ele deve ter achado a principio que estava lidando com ladrões ou apenas invasores, então já veio avançando em mim com tudo. Sem brincadeiras, aquele foi o adversário mais fácil que enfrentei. Desviar de seus golpes não foi difícil, eu consegui ler seus movimentos e desviar com tranquilidade. Ele devia estar se irritando, então resolvi fazer uma graça pro Dood ver meu potencial.
Lancei um chute em sua barriga e com o outro pé, um chute em seu rosto o arremessando longe. Eu estava me sentindo ótimo, a ponto de não me sentir eu. Acho que podia ser algum efeito da doença. Olhei pra Dood e falei: “ Vamos, escolha quantos rins você vai querer levar!” e comecei a rir. Eyeless entendeu nosso propósito ali e em um movimento que nem eu pude acompanhar ele passou a destruir todos os órgãos que estavam ali. Dood era muito metódico, mas foi ágil em me puxar pra fora do lugar a tempo.
Logo em seguida chamas surgiram no interior e Eyeless desapareceu em meio a fumaça. Todo o trabalho estava perdido.
Dood esbravejou e gritou comigo dizendo que eu acabei com a única chance dele ficar bem, que não iria mais me dar a cura. A discussão durou cerca de meia hora e eu estava me exaltando de forma anormal. Aquilo não era eu, definitivamente.
Eu precisava melhorar, logo. No meio da discussão o sangramento voltou e tivemos que voltar as pressas para a base da SCP. Dark nos recebeu com a expectativa do sucesso. Seu olhar foi quebrado ao ver meu estado. O sangramento tinha passado a sair pela minha boca também. Eu sabia que agora era questão de tempo pra morrer. Onde estava Anna, onde estava Guurg?
No desespero final olhei para Dood e disse: “Dood vamos fazer uma troca! Você me dá a cura depois que estiver novo!”.
Ele sem entender retrucou: “Como vamos ter uma cirurgia sem órgãos, seu gênio...”.
Fiz clara as minhas palavras: “To te devendo um rim e vou pagar com um meu!”.