Entrei em estado de choque.
Não era possível. Depois daquele reset mental. De achar
que tudo estava começando de novo. Que tinha chance de ter uma vida.
Não consegui conter um grito que acordou a vizinhança
toda.
Logo a polícia e repórteres já tinham chegado ao local e
a confusão já estava instaurada. Óbvio que pelo meu histórico de ter passado
pelo Burnhills, a culpa cairia direto em mim. Só mais um louco que matou sua
família.
Enquanto a polícia seguia com a pericia eu estava no meu
quarto. Sem rumo. Sem ideia do que fazer. Dessa vez sem nem ter para onde ir.
Olhava para a maleta que estava debaixo da cama. Nada mais fazia sentido. Viver
não fazia sentido. Era hora de dar um fim aquilo. A porta se abriu e o delegado
entrou me chamando. Teria que ir a delegacia dar depoimento.
Como já imaginado fui acusado das mortes. Após uma dura
rodada de perguntas fui liberado e pude voltar para casa. Que casa? Não havia
mais lugar para mim. Decidi ir ao meu esconderijo na floresta e morrer lá.
Passei pela casa e peguei a maleta. Logo sumi na
floresta. Deitei no chão de folhas e logo pensei o melhor jeito de sumir. Logo
meus pensamentos foram interrompidos por barulhos nos arbustos. Pensei em ficar
alerta para me defender, mas logo pensei que poderia poupar esforços se alguém
o fizesse por mim. Não me movi.
“Que bela recepção, Master!” disse aquela voz rouca e
familiar.
Logo me levantei assustado. Daquela escuridão surgiu aquela
miragem. Dark e Night estavam ali na minha frente. Perguntei se eles vieram me
levar para a Fundação.
“Não! Na verdade estamos na mesma situação que você! Mas
quero mostrar um lugar especial.” Falou Dark sem perder seu tom animado.
Era numa parte mais afastada da floresta. Na verdade era
um ponto cego onde absolutamente ninguém acharia ou chegaria lá. Um alçapão no
chão coberto de folhas era a entrada. Dentro após uma escadaria, tinha um
imenso salão, com equipamentos.
“É incrível como essas sucatas que jogam fora podem ser
recicladas!” disse Dark em tom sarcástico.
Todos esboçamos sorrisos. O meu não durou muito. Querendo
ou não, vendo rostos familiares, minha família havia sido morta horas atrás. Me
isolei em um ponto de lá.
Espera. Eu não tinha me tocado do principal. Aquelas
mortes. Jeff o Assassino estava na cidade e não iria embora até me matar.
Todos estavam com cara de preocupação com o que fazer da
vida. Logo disse: “ tenho um plano e preciso da ajuda de todos vocês!”.
O que eu tinha em mente?
Com ou sem poderes o Jeff era meu dessa vez!
“Nada de caçar minha presa, rapaz!” outra voz familiar
surgiu no salão.
Guurg surgia em minha frente, com seu sorriso de quem
estava preparado para encarar seu pesadelo pessoal.