sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

# HOME 15: Reinício

Entrei em estado de choque.
Não era possível. Depois daquele reset mental. De achar que tudo estava começando de novo. Que tinha chance de ter uma vida.
Não consegui conter um grito que acordou a vizinhança toda.
Logo a polícia e repórteres já tinham chegado ao local e a confusão já estava instaurada. Óbvio que pelo meu histórico de ter passado pelo Burnhills, a culpa cairia direto em mim. Só mais um louco que matou sua família.
Enquanto a polícia seguia com a pericia eu estava no meu quarto. Sem rumo. Sem ideia do que fazer. Dessa vez sem nem ter para onde ir. Olhava para a maleta que estava debaixo da cama. Nada mais fazia sentido. Viver não fazia sentido. Era hora de dar um fim aquilo. A porta se abriu e o delegado entrou me chamando. Teria que ir a delegacia dar depoimento.
Como já imaginado fui acusado das mortes. Após uma dura rodada de perguntas fui liberado e pude voltar para casa. Que casa? Não havia mais lugar para mim. Decidi ir ao meu esconderijo na floresta e morrer lá.
Passei pela casa e peguei a maleta. Logo sumi na floresta. Deitei no chão de folhas e logo pensei o melhor jeito de sumir. Logo meus pensamentos foram interrompidos por barulhos nos arbustos. Pensei em ficar alerta para me defender, mas logo pensei que poderia poupar esforços se alguém o fizesse por mim. Não me movi.
“Que bela recepção, Master!” disse aquela voz rouca e familiar.
Logo me levantei assustado. Daquela escuridão surgiu aquela miragem. Dark e Night estavam ali na minha frente. Perguntei se eles vieram me levar para a Fundação.
“Não! Na verdade estamos na mesma situação que você! Mas quero mostrar um lugar especial.” Falou Dark sem perder seu tom animado.
Era numa parte mais afastada da floresta. Na verdade era um ponto cego onde absolutamente ninguém acharia ou chegaria lá. Um alçapão no chão coberto de folhas era a entrada. Dentro após uma escadaria, tinha um imenso salão, com equipamentos.
“É incrível como essas sucatas que jogam fora podem ser recicladas!” disse Dark em tom sarcástico.
Todos esboçamos sorrisos. O meu não durou muito. Querendo ou não, vendo rostos familiares, minha família havia sido morta horas atrás. Me isolei em um ponto de lá.
Espera. Eu não tinha me tocado do principal. Aquelas mortes. Jeff o Assassino estava na cidade e não iria embora até me matar.
Todos estavam com cara de preocupação com o que fazer da vida. Logo disse: “ tenho um plano e preciso da ajuda de todos vocês!”.
O que eu tinha em mente?

Com ou sem poderes o Jeff era meu dessa vez!



“Nada de caçar minha presa, rapaz!” outra voz familiar surgiu no salão.


Guurg surgia em minha frente, com seu sorriso de quem estava preparado para encarar seu pesadelo pessoal.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

# HOME 14: Reset

Não podia ser verdade aquilo. Ia começar nesse momento? Com certeza tinha sido o momento que o sensor tinha sido posto em mim. Só podia!
O que fazer?
Gritei para as pessoas correrem o mais rápido que pudessem e eu fiz o mesmo. De relance pude ver que o professor estava paralisado com uma cara de espanto, surpresa e alegria ao mesmo tempo. A essa altura do campeonato o Slender já estava a cerca de 30 metros do professor. Gritei para ele correr logo e sair dali, mas além dele não se mover quem se virou para mim foi o Slender.
Orion, Master Hunter, seja lá quem eu fosse, precisava agir e rápido. Respirei fundo e iniciei minha investida contra ele. Corri com todas as forças que me eram concedidas pela velha capacidade de meu corpo. Dei um grito em direção a ele. Acho que no fundo esperava que a interferência aparecesse naquele momento. Ele se virou para mim. Me lancei num salto e logo fui alcançado ainda no ar por um de seus tentáculos. Podia ver muitos já caídos ao chão, tentando se erguer com sangramentos, outros já desmaiados. O professor já estava inconsciente nesse momento. Éramos só nós dois. Mas pelo visto não duraria muito.
Encarei seu “rosto” por alguns segundos e senti aquele chiado aumentando em meu ouvido. Era meu fim. Era o fim para todos.


Acordo.
Me sinto desnorteado, mas me levanto. Algo estranho aconteceu. Está de noite. Estou com a mesma roupa surrada do dia do grande encontro. A marca de sangue está recente, úmida. Não era possível. Toda a minha aventura. Tudo que eu havia me tornado. Foi tudo uma ilusão, uma alucinação da minha cabeça em resposta ao medo e a pancada. Me sentia apenas normal. Um pouco frustrado em pensar que tudo foi tão real, mas também pensar que minha imaginação tinha se superado dessa vez.
Me sento no chão, choro um  pouco de alívio e decido voltar para casa. Vou tirar minha prova agora, decidi mudar minha rota para o Burnhills. Será que Anna existia e se sim, se estava lá? Chego e sou muito bem recebido. Ninguém age como se eu tivesse sido paciente de lá. Pergunto por Anna. Eles dizem que vão me levar até onde ela está. Ela existe, pode ser um bom sinal.
No caminho até o quarto, pergunto sobre ela como um conhecido. Eles comentam que o caso foi a televisão, o caso da garota gênio que havia sido internada por seus pais. Era isso! Eu não tinha criado ela. Em algum ponto do meu subconsciente eu havia armazenado a noticia que tinha sido transmitida pela TV.
Entrei no quarto e a olhei. Era ela mesmo. Encarei-a com um olhar de “se ela soubesse o que passou na minha cabeça”. Ela não abre a boca um momento nem olha para mim. Os enfermeiros não saiam do quarto, como numa escolta. Passei cerca de 5 minutos a olhando e logo eles disseram que o tempo da visita já havia se esgotado. Um deles abriu a porta e pôs a mão sobre meu ombro. Resolvi arriscar.
“Anna, lembra de mim?”
Lentamente sua cabeça se ergueu, um olhar apático me encarou. E tudo realmente era minha imaginação. Me virei de costas e caminhei para fora. Acompanhei o movimento da porta fechando e aquele olhar morto me seguindo. Nos últimos 5cm de porta aberta veio o sinal. Uma rápida piscada de olho, seguida da mordida de lábios que ela sempre me dava quando sabia que eu precisava dela.
Aquilo definitivamente não tinha passado na TV. De qualquer forma precisava voltar para casa. Me apressei em chegar logo e reencontrar minha família. Contar a eles toda a loucura que meus sonhos me deram.
Chego em casa e abro a porta. Chamo por eles mas não houve resposta, acho que saíram.
Chego na sala de jantar para encontrar a pior cena da minha vida.
Toda minha família estava morta. Todos com cortes pelos corpos espalhados. Cada um em sua cadeira de jantar habitual.
Na parede escrito com o sangue havia:


“Agora só falta você ir dormir!”

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

# HOME 13: Loop 2

Eu não sabia ao certo que cara fazer para toda a turma. Realmente a cara que eu tenha feito despertou curiosidade em todos, principalmente no professor. No fim das contas todos tentavam entender o porque da minha reação. Apenas cortei o assunto e fui embora para casa.
Por pior que parecesse a decisão, era a única que eu tinha. Contar a meus pais para onde iria. Minha mãe, nervosa, começou a falar um monte de coisas me fazendo sentir arrependimento instantâneo de ter aberto a boca. Me tranquei no meu quarto. O que eu estava sentindo. Não sei ao certo. Talvez medo de tudo começar de novo. Ter de abandonar minha casa, minha “normalidade”. Talvez medo de ser morto ou ver as pessoas com que me importava sendo machucadas. Ou talvez o pior de tudo, encarar o Slender Man naquele estado vulnerável.
Do nada uma voz surgiu na minha mente: “Não se esqueça, você pode não lembrar do sobrenatural, mas ele ainda existe. E uma vez que você faça parte dele, não há mais saída.”. Espere, eu conhecia essa voz, de longa data. Era a voz de Landaw. Obrigado velha amiga. Agora eu sabia o que tinha que fazer. Fui atrás do professor para uma reunião e lá ele me mostrou a ferramenta do destino. Um sensor que se acoplava a cabeça como uma tiara que ampliava as ondas cerebrais. O objetivo era criar alguma relação mental com animais ou qualquer coisa desse tipo. Era um trabalho experimental e que com certeza daria problema, principalmente se minhas ondas fossem ampliadas. Tratei de avisar ao professor que não podia usar o equipamento devido a um problema de saúde. Ele estranhou mas consentiu, confirmando que ao menos eu estaria na excursão. Confirmei com um gesto de cabeça e logo saí de lá.
Precisava colocar minhas ideias no lugar, armar estratégias de fuga, para salvar o máximo de pessoas que desse. Nossa, aqui estou eu como tudo começou, me sentindo um guerrilheiro numa guerra que minha chance única era perder. Mesmo assim não podia desistir, não agora que sabia que cedo ou tarde essa realidade voltaria para mim. O pior era não poder contar tudo de incrível que eu vivera, ou até mesmo contar tudo que poderia vir a acontecer.
Chegou o dia da excursão.
Minha mente já estava pronta. 2 dias antes só para garantir já tinha treinado meu corpo no esconderijo da floresta, como esperado Night já não estava lá. Mas era o único caminho para mim. Chegamos ao parque e todos estavam empolgados. Eu me esforçava para demonstrar o mesmo, pelo menos externamente. Chegamos a um ponto da floresta em que a copa das árvores fechava 70% da luminosidade do local. Era como um labirinto de arvores com algumas clareiras espalhadas. Andamos e logo lágrimas caíram por minha face.
Era ali.
O pequeno penhasco do terrível primeiro encontro. Um filme passou na minha cabeça. Quando me apercebi o erro havia sido cometido. Os rapazes sem entender, tentaram me animar e fizeram o favor de me segurar e prender um dos sensores a minha cabeça e aumentar a frequência dele ao máximo.
Nada aconteceu, nem um som saiu. Era como se meu corpo não tivesse frequência elétrica nenhuma. Estranho, mas nada aconteceu então já está ótimo. Eles retiraram o sensor e me soltaram. Com certeza não seria agora que o sobrenatural não retornaria a mim! Me aproximei do penhasco e arrisquei um olhar para baixo. Pude ver uma pequena marca de sangue da minha queda.

Estava tudo bem, já havia acabado! Esse era meu pensamento, até o mesmo ser interrompido pela gritaria atrás de mim. Pude me virar a tempo de ver a 60 metros do grupo o homem sem face com seu terno preto.