Eu não sabia ao certo que cara fazer para toda a turma. Realmente
a cara que eu tenha feito despertou curiosidade em todos, principalmente no
professor. No fim das contas todos tentavam entender o porque da minha reação.
Apenas cortei o assunto e fui embora para casa.
Por pior que parecesse a decisão, era a única que eu
tinha. Contar a meus pais para onde iria. Minha mãe, nervosa, começou a falar
um monte de coisas me fazendo sentir arrependimento instantâneo de ter aberto a
boca. Me tranquei no meu quarto. O que eu estava sentindo. Não sei ao certo. Talvez
medo de tudo começar de novo. Ter de abandonar minha casa, minha “normalidade”.
Talvez medo de ser morto ou ver as pessoas com que me importava sendo
machucadas. Ou talvez o pior de tudo, encarar o Slender Man naquele estado vulnerável.
Do nada uma voz surgiu na minha mente: “Não se esqueça,
você pode não lembrar do sobrenatural, mas ele ainda existe. E uma vez que você
faça parte dele, não há mais saída.”. Espere, eu conhecia essa voz, de longa
data. Era a voz de Landaw. Obrigado velha amiga. Agora eu sabia o que tinha que
fazer. Fui atrás do professor para uma reunião e lá ele me mostrou a ferramenta
do destino. Um sensor que se acoplava a cabeça como uma tiara que ampliava as
ondas cerebrais. O objetivo era criar alguma relação mental com animais ou
qualquer coisa desse tipo. Era um trabalho experimental e que com certeza daria
problema, principalmente se minhas ondas fossem ampliadas. Tratei de avisar ao
professor que não podia usar o equipamento devido a um problema de saúde. Ele estranhou
mas consentiu, confirmando que ao menos eu estaria na excursão. Confirmei com
um gesto de cabeça e logo saí de lá.
Precisava colocar minhas ideias no lugar, armar
estratégias de fuga, para salvar o máximo de pessoas que desse. Nossa, aqui
estou eu como tudo começou, me sentindo um guerrilheiro numa guerra que minha
chance única era perder. Mesmo assim não podia desistir, não agora que sabia
que cedo ou tarde essa realidade voltaria para mim. O pior era não poder contar
tudo de incrível que eu vivera, ou até mesmo contar tudo que poderia vir a
acontecer.
Chegou o dia da excursão.
Minha mente já estava pronta. 2 dias antes só para
garantir já tinha treinado meu corpo no esconderijo da floresta, como esperado
Night já não estava lá. Mas era o único caminho para mim. Chegamos ao parque e
todos estavam empolgados. Eu me esforçava para demonstrar o mesmo, pelo menos
externamente. Chegamos a um ponto da floresta em que a copa das árvores fechava
70% da luminosidade do local. Era como um labirinto de arvores com algumas
clareiras espalhadas. Andamos e logo lágrimas caíram por minha face.
Era ali.
O pequeno penhasco do terrível primeiro encontro. Um filme
passou na minha cabeça. Quando me apercebi o erro havia sido cometido. Os rapazes
sem entender, tentaram me animar e fizeram o favor de me segurar e prender um dos
sensores a minha cabeça e aumentar a frequência dele ao máximo.
Nada aconteceu, nem um som saiu. Era como se meu corpo
não tivesse frequência elétrica nenhuma. Estranho, mas nada aconteceu então já
está ótimo. Eles retiraram o sensor e me soltaram. Com certeza não seria agora
que o sobrenatural não retornaria a mim! Me aproximei do penhasco e arrisquei
um olhar para baixo. Pude ver uma pequena marca de sangue da minha queda.
Estava tudo bem, já havia acabado! Esse era meu pensamento,
até o mesmo ser interrompido pela gritaria atrás de mim. Pude me virar a tempo
de ver a 60 metros do grupo o homem sem face com seu terno preto.
Vish, Lascou
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