Eu tinha passado de convidado para prisioneiro dos
proxys. Algumas semanas haviam se passado e eu não via mais a luz do dia. Era
mantido todo amarrado e num quarto no subsolo trancado. Nem Red me visitava
mais. Cada dia o desespero e a agonia me tomavam mais. Era hora de agir. Pude
ouvir a porta abrindo, era hora da minha surra diária. Não dessa vez, eu
precisava fazer algo. Todos os dias eu tentava me levantar e daí começava a
apanhar. Nesse dia eu apenas fiquei largado no chão aparentando estar
desmaiado. Os proxys entraram e ainda me chamaram pra ver se eu só estava
dormindo. Se aproximaram lentamente e me deixei chutar algumas vezes sem
reagir.
Estranhando minha reação e temendo que eu pudesse estar
morrendo, me tiraram do quarto. Em cima de uma maca só esperando a hora certa
fiquei “apagado”. Nesse momento o Slender aparentemente apareceu e os proxys
foram receber a missão. Nessa hora me esforcei ao máximo e fugi do hospital.
Inicialmente não sabia pra onde exatamente ir então apenas corri. Não demorou
muito para que eu cansasse e parasse um pouco. Tempo esse suficiente para ser
atingido na cabeça e desmaiar.
Acordei com fortes luzes apontadas para mim. Vozes
conversavam enquanto eu me acostumava a visão normal. Quando consegui abrir o
olho por completo as vozes cessaram. Pude ver 3 pessoas diante de mim. Com mais
atenção percebi que eram Night, Dark e Guurg. Eu não devia nem podia estar ali.
Pude perceber mudança nos padrões da equipe. Dark continuava o mesmo, muito
observador e astuto. Guurg aparentemente estava mais explosivo e nervoso. Já
Night embora o mais novo havia assumido uma postura de liderança com os outros.
Eles me olhavam atentamente esperando algo. Infelizmente sem boca não era possível
falar nada. Eles começaram um interrogatório falho. Estavam nervosos pelo fato
de eu só ter um olho e não falar nada. A máscara piorava tudo, afinal não era
possível saber quem ou o que estava por trás dela, nem sua expressão. Guurg
impaciente apenas disse que não dava pra ele e saiu para relaxar. Dark recuou
um pouco e sentou-se atrás de uma pilha de livros onde começou suas pesquisas.
Night se aproximou e perguntou pelo símbolo na testa da máscara, se eu sabia o
que significava, balancei a cabeça afirmando. Perguntou se eu conhecia um homem
chamado Master Hunter e novamente balancei afirmativamente. Ele então desferiu
um soco tão forte que derrubou até a cadeira onde eu estava preso. Ao fundo
Dark apenas riu. Ele perguntou incessantemente onde Master estava, como chegar
nele, se estava bem, se eu sabia como libertá-lo. Não tinha um gesto de cabeça
para todas aquelas perguntas então apenas fiquei o observando, cansado. Cansado
de estar vivo.
Naquele momento eu percebi como minha presença era
essencial para o funcionamento do grupo. Night se afastou um pouco com a mão na
testa, parecendo nervoso e pensativo. Tentei me levantar rapidamente. Eles não
podiam me ver daquele jeito. Infelizmente não fui rápido o suficiente e logo
fui atingido por Night, que em fúria disse que já havia passado da hora de
saber quem eu era. Com a ajuda de Dark tiraram o capuz e sem muita cerimônia
arrancaram a máscara.
Logo se afastaram e sem palavras apenas ficaram alguns
segundos olhando. Ali estava quem eles tanto procuravam, em um estado
deplorável. Nervoso Night olhou-me nos olhos e perguntou: “M- M- Master?”, sem
jeito ergui o olho e balancei a cabeça como sempre fazia para os cumprimentar.
Sem parecer acreditar eles começaram a rir. Ambos gritaram “Chefe!” e vieram me
soltar.
Sem muita cerimônia peguei um pedaço de papel e escrevi
tudo que tinha me ocorrido.
Minhas instruções para eles foram extremamente simples.
“ME MATEM”
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