Após aquilo que posso julgar um surto de desespero, me
arremessei contra o chão e me contorci em dor. Minha face queimava como brasa e
a sensação de estar cego de um olho e atordoado era perturbadora.
De herói e líder de uma equipe, passei a ser um louco cego.
Que avanço hein!
Rapidamente Run me encontrou e gritou alertando os outros
de onde estávamos e logo os outros chegaram. E
ao me verem largado tiveram a reação mais inesperada. Todos me olharam e
disseram que em breve me acostumava, deram as costas e saíram.
Run saiu dando risada, Distort lançou um olhar misto de
alívio e decepção, Sick me olhou com olhos de satisfação e também saiu. Red ao
contrário deles ficou me encarando. Ela fez um movimento de corpo como quem
quisesse se aproximar e do nada virou de costas e saiu com os outros.
Assim fiquei até o anoitecer, quando eles retornaram da
missão.
Perguntaram como eu estava e respondi que estava bem. Bem
diferente do que eu sou, ou era. Algo em mim continuava a mudar a cada segundo.
Me sentia menos eu. Todos nos reunimos no salão principal e jantamos. A comida
era enlatada e ruim, mas era o que me manteria vivo. A luz era mantida baixa,
assim todos poderiam comer e vigiar e ao mesmo tempo ninguém via os rostos uns
dos outros.
Num extremo de silencio, resolvi perguntar da missão. O
silencio se manteve. Sick se pronunciou: “Foi ótima, só precisei desmaiar 3
dessa vez!”. Insisti em saber o objetivo dela. Distort falou que nesse momento
não poderia ser informado dos detalhes da missão. Confesso que fiquei irritado,
mas permaneci calado e dei uma de desentendido.
Aquela seria minha primeira noite dormindo naquele lugar.
Os holloweds montavam guarda do lado de fora e nós nos posicionávamos aonde bem
quiséssemos. O Sick se posicionou no andar superior, próximo a uma varanda.
Distort e Run permaneceram no salão principal. Eu fui para um quarto afastado,
numa ala mais abandonada que o resto do hospital.
Quando pensei em começar a dormir, ouvi um ruído perto.
Me levantei com todas as forças e me posicionei para atacar o que viesse. Por
sorte era a Red que veio atrás de mim, perguntar o que havia acontecido mais
cedo. Não quis responder, mas algo me despertava em relação a ela. Algo
familiar. Sem muitas palavras e no meu caso sem muita reação ela se aninhou
embaixo de meu braço e dormiu. Em meio àquela escuridão que me tomava, aquele
momento foi uma luz que me lembrou como era ser humano.
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