sexta-feira, 11 de julho de 2014

# PROXY 20: Primeira suspeita, primeira lembrança

Após aquilo que posso julgar um surto de desespero, me arremessei contra o chão e me contorci em dor. Minha face queimava como brasa e a sensação de estar cego de um olho e atordoado era perturbadora.
De herói e líder de uma equipe, passei a ser um louco cego. Que avanço hein!
Rapidamente Run me encontrou e gritou alertando os outros de onde estávamos e logo os outros chegaram.    E ao me verem largado tiveram a reação mais inesperada. Todos me olharam e disseram que em breve me acostumava, deram as costas e saíram.
Run saiu dando risada, Distort lançou um olhar misto de alívio e decepção, Sick me olhou com olhos de satisfação e também saiu. Red ao contrário deles ficou me encarando. Ela fez um movimento de corpo como quem quisesse se aproximar e do nada virou de costas e saiu com os outros.
Assim fiquei até o anoitecer, quando eles retornaram da missão.
Perguntaram como eu estava e respondi que estava bem. Bem diferente do que eu sou, ou era. Algo em mim continuava a mudar a cada segundo. Me sentia menos eu. Todos nos reunimos no salão principal e jantamos. A comida era enlatada e ruim, mas era o que me manteria vivo. A luz era mantida baixa, assim todos poderiam comer e vigiar e ao mesmo tempo ninguém via os rostos uns dos outros.
Num extremo de silencio, resolvi perguntar da missão. O silencio se manteve. Sick se pronunciou: “Foi ótima, só precisei desmaiar 3 dessa vez!”. Insisti em saber o objetivo dela. Distort falou que nesse momento não poderia ser informado dos detalhes da missão. Confesso que fiquei irritado, mas permaneci calado e dei uma de desentendido.
Aquela seria minha primeira noite dormindo naquele lugar. Os holloweds montavam guarda do lado de fora e nós nos posicionávamos aonde bem quiséssemos. O Sick se posicionou no andar superior, próximo a uma varanda. Distort e Run permaneceram no salão principal. Eu fui para um quarto afastado, numa ala mais abandonada que o resto do hospital.

Quando pensei em começar a dormir, ouvi um ruído perto. Me levantei com todas as forças e me posicionei para atacar o que viesse. Por sorte era a Red que veio atrás de mim, perguntar o que havia acontecido mais cedo. Não quis responder, mas algo me despertava em relação a ela. Algo familiar. Sem muitas palavras e no meu caso sem muita reação ela se aninhou embaixo de meu braço e dormiu. Em meio àquela escuridão que me tomava, aquele momento foi uma luz que me lembrou como era ser humano.

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