Finalmente amanheceu, hora de levantar.
Red ainda estava apoiada em meu peito, provavelmente ela
se moveu a noite e isso deslocou um pouco seu capuz e finalmente pude entender
o porque dela querer ser chamada de Red. Ela possuía uma grande mecha vermelha
em sua franja. Um vermelho vivo que chamava a atenção.
Delicadamente acordei-a e ela meio assustada já se
levantou e se ajeitou. Ela me olhou e falou para não comentar do que tinha visto.
Logo em seguida Sick apareceu na porta e antes que falasse algo Red disse que
tinha ido apenas ver como eu estava. Sem parecer se importar muito ele falou
que era hora do treino, pois era provável que hoje tivesse missão e que eu
iria.
Meu treino começou com Run. Ainda não tinha identificado
onde exatamente se localizava aquele velho hospital, mas possuía uma grande
área livre ao seu redor. Começamos caminhando, depois trotando, por fim
correndo. Run olhou para mim e fez um sinal de tchau. Subitamente o cara que
estava ao meu lado se distanciou em pouco menos de 10 segundos em mais de 100
metros a minha frente. Era minha vez de acelerar. Me concentrei e comecei a
acelerar, nenhum resultado. Comecei a forçar meu corpo ao ponto de começar a
tropeçar. De repente começou, Run passou a correr em câmera lenta, tudo ao meu
redor estava em câmera lenta, logo eu o passei, umas duas voltas enquanto ele
chegava na metade de uma. Daí meu corpo não aguentou e me atirou ao chão.
Todos se espantaram com o que eu tinha feito, mas
tentaram não demonstrar. A segunda parte do treino foi com Red. Ela por alguma
razão pediu privacidade no treino e me levou para um ponto sem os outros. Lá
começamos o treino físico. Ela parecia delicada, mas batia pior que o Jeff.
Sentia que com ela teria mais abertura para falar e comecei: “Porque todos usam
mascaras mesmo entre nós? Inclusive nos treinos, afinal sem máscara machuca
mais, não?”.
Ela aparentemente se irritou e intensificou seus golpes.
Um destes, um chute, me pegou em cheio no diafragma me lançando ao chão, logo
depois se abaixou perto de mim, retirou minha máscara, olhou atentamente na
minha face e me deu um tapa na cara. Em seguida disse: “E agora machucou mais?
Ta horrível sua cara, devia ter cuidado disso.”.
Ela se sentou no chão ao meu lado e começou a retirar sua
máscara. Aquilo me assustou de uma forma pior do que se ela tivesse a cara toda
arrebentada. A Red, aquela garota era minha irmã que havia desaparecido quando
tinha 5 anos. Ela havia mudado consideravelmente, mas ainda assim eu sabia que
era ela e ela sabia quem eu era. Fiquei paralisado, sem conseguir esboçar
reação. Pelo menos até o momento em que ela me olhou e falou: “Oi maninho!” de
uma forma meio sem graça. Não aguentei e a abracei com todas as minhas forças.
Ela não demorou muito a se juntar ao abraço e assim ficamos por um bom tempo.
Aquele abraço valeu tudo que eu tinha apanhado. Depois disso colocamos nossas
mascaras e voltamos.
O último treino foi o pior. Foi uma simulação da morte.
Distort de um lado gerando interferência e Sick do outro
lançando sua habilidade. Nem preciso falar que em menos de 5 segundos eu já
estava no chão. Ainda assim eles me levantavam e começavam tudo de novo, cada
vez mais intensificando seus poderes. Com aproximadamente 1 hora de “treino”,
minhas mãos foram presas em uma espécie de algema no teto para que eu ficasse
em pé de qualquer jeito. Nesse momento os dois soltaram suas habilidades em
potencia máxima. A agonia e a dor eram insuportáveis ao ponto de sentir a morte
chegando. Não tinha como cair então fiz o melhor que pude para apenas me manter
acordado. Sentia meu sangue escorrendo pelo nariz e já saindo pela boca por
dentro da mascara e aquilo foi me causando uma sensação terrível. Me esforcei
para me concentrar, embora fosse extremamente difícil.
Num lapso de menos de 1 segundo, senti aquela onda saindo
de dentro de mim como nunca antes. Respirei fundo e gritei, liberando uma carga
de interferência que causou sangramento nasal nos 2, que rapidamente se
assustaram e caíram sentados no chão sem entender.
Tentei gritar novamente, mas algo estranho aconteceu de
novo. Um queimor passava pela minha face e não conseguia falar, nem mesmo abrir
a boca.
Novamente corri para a sala do espelho e tirei a máscara.
Agora meu olho e minha boca tinham desaparecido. Eu cada dia mais via o Slender
em mim.
Rapidamente voltei a sala quando fui chamado. Novamente o
Slender Man tinha estado lá para passar uma missão. Já era de noite quando
Distort anunciou o objetivo:
“Pessoal, na nossa ultima missão atacamos um trio, mas
eles aparentemente foram mais espertos que nós e de alguma forma nos
localizaram. Preparem-se para a luta. Temos alguns Caçadores chegando...”
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