segunda-feira, 29 de setembro de 2014

#PROXY 30: É possível amar, quando se é um monstro?

“E então meses se passaram, derrotei escondido de Aika os vilões um a um, deixei ela em segurança e retornei aos Caçadores sem problema algum...”
Ah, eu queria ter acordado meses depois de minha prisão e dizer isso, mas não, tudo comigo precisa de um toque de complicação.
Aika já estava morando comigo há uns dias. Tive que ficar em um hotel de estrada com ela no mesmo quarto. Já faziam dias que eu não dormia. Uma piscada mais demorada e ela estava lá, invadindo minha mente. Os dias pareciam uma eternidade. Ainda que nós conversássemos muito e ríssemos o dia todo, ela estava pronta pra me “ler” a qualquer segundo.
Mais do que ninguém, eu conhecia Aika e sabia do seu lado mais obscuro. O lado de quem sofria calada e não se abria absolutamente com ninguém. Esses últimos dias ela vinha agindo diferente comigo. Mesmo so tendo a mim por dias para conversar, cada vez menos ela falava. Era como se aquele lado negro dela estivesse presente, mesmo comigo vendo aquilo.
Ela no geral não transparecia esse lado para ninguém. Apenas quando estava sozinha, é que esse lado aparecia. Era quando ela demonstrava suas fraquezas. Até comigo ela escondia isso, mesmo eu sabendo da existência desse lado.
Acordei um certo dia com a pior angústia que pude sentir. Era uma sensação tão ruim quanto aquela que senti quando passei pelo simulador da escadaria do SCP-87. Acordei desnorteado, olhei para o lado e vi Aika dormindo. Decidi sair. Ela vai ficar furiosa comigo, mas eu aguento. Preciso de ar, respirar um pouco em paz.
Ainda é cedo. Tomo um banho e ponho uma roupa qualquer. Ligo a televisão para ver o noticiário. Estranhas coisas estavam acontecendo. Mortes outros eventos estavam ficando mais frequentes, mas o pior de tudo é que avaliando estavam vindo de pontos diferentes e se direcionando a minha cidade. Parecia uma grande ironia: Jeff, Slender e os proxys, Mercenário e a SCP, meus quatro piores inimigos, cada um vindo de um ponto diferente em direção a minha cidade. Em um desenho isso formaria o símbolo do Caçadores do Medo. Nesse momento entendi que eu precisava resolver tudo antes que fosse tarde demais.
Quando me toquei, Aika já tinha acordado e estava com uma cara assustada para a televisão. Me olhou e perguntou onde eu pensava em ir. Respondi que só iria andar um pouco. Ela disse que iria comigo, que eu precisaria de escolta com tantos criminosos a solta. Insisti para que ela me deixasse um pouco só, mas ela disse que não era uma opção.
Começamos a andar pelos arredores do hotel, saímos para o parque. Nos divertimos. Em certo momento peguei suas mão e a olhei nos olhos.
“Aika, você viu o noticiário. Uma onda de crimes e situações não comuns estão se aproximando da cidade. Eu sei que você está cumprindo seu dever, mas você sabe que eu estou envolvido com essa situação do Jeff e ele não vai perdoar ninguém que esteja ao meu redor. Por favor saia da cidade agora de manhã ainda. Deixe-me lidar com isso só. Ao menos dessa vez me dê ouvidos. O que vêm aí...” estava falando quando ela me interrompeu colocando o dedo em minha boca, me calando.
Fiquei esperando que ela fosse falar algo, mas o silencio foi minha resposta. Ficamos nos olhando alguns segundos. Me perdi em seu olhar, quando ela pronunciou aquela palavra que me gelou o coração e me fez voltar a realidade.
“MASTER...o que isso significa?” disse ela com cara de dúvida e curiosidade.
Não me contive e explodi com ela. Disse que ela não podia ficar vasculhando minha mente daquela forma. Aquilo já tinha passado do limite e estourado minha paciência. Que ela já estava se tornando uma pessoa paranoica e que não aguentava mais passar um segundo ao lado dela.
Descontei meu nervosismo, sem querer, nela. Ela travou. Retirou as mãos de cima das minhas, pegou sua bolsa e saiu. Não fiz força de ir atrás dela. Queria muito aproveitar a brecha e voltar a base, mas poderia estar sendo observado.
Voltei ao hotel. Fiquei até o anoitecer. Resolvi sair do quarto. Era hora de enfrentar algum dos perigos.
Após muito rodar pelas florestas, começou a chover fortemente. Cheguei a uma casa abandonada. Logo entrei de forma silenciosa e fui vasculhando o ambiente. Logo me deparo um um barulho no andar de cima. Quando começo a correr vejo alguém se lançando pela janela do 1° andar para fora da casa e tentar correr. Com um pouco de Slender Walking rapidamente derrubei quem fosse no chão. Quando olhei, era Aika, chorando e me esmurrando para que a soltasse. Eu estava vendo ela no seu estado mais vulnerável. Do nada um forte trovão soa muito próximo a nós. Com o susto nossas habilidades foram ativadas ao mesmo tempo. Do nada consegui ler a mente dela e vi algo que era pior que ter que enfrentar 4 grupos diferentes de vilões.

Aika estava apaixonada por mim...

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